A aeronave movida a energia solar Airbus Zephyr S HAPS (High Altitude Pseudo-Satellite – Pseudo Satélite de Alta Altitude) bateu um recorde na aviação em 11 de julho de 2022. Completou 26 dias seguidos no ar, sendo o voo mais longo de uma aeronave não tripulada, ultrapassando o tempo máximo também de um protótipo Zephyr em 2018 (25 dias, 23 horas e 57 minutos).
O drone levantou voo em 15 de junho no Arizona, EUA em uma missão/experimento com o exército estadunidense para explorar suas características altamente eficientes em voos de longa duração. O objetivo era demonstrar sua capacidade como uma plataforma de sensores, testando também sua capacidade de armazenamento de energia, a longevidade da bateria, a eficiência do painel de energia solar e as capacidades de manutenção de rota.
Mesmo após o recorde batido, continuou na estratosfera até 19 de agosto quando caiu no deserto do Arizona chegando em 64 dias e 18 horas de voo.

Com 25m de envergadura, o UAS da Airbus tem apenas 75kg
Movido a energia solar, durante o dia as suas células fotovoltaicas de última geração, espalhadas pelas suas asas, fornecem carga para suas baterias de lítio-enxofre de alta capacidade acionando duas hélices. Durante a noite as baterias têm energia armazenada o suficiente para mantê-lo no ar. Tecnologia que vem a ser uma opção bem mais barata para mesmas funções de satélites convencionais. Consideradas as altitudes em que se desloca (na estratosfera), aproveita a luz solar integralmente durante o dia, pois não precisa encarar empecilhos por chuvas ou qualquer tipo de nuvem, e assim é muito mais eficiente.
Em uma entrevista com o portal Simple Flying um representante da Airbus disse: “Seguidos 64 dias de voo estratosférico e a conclusão de numerosos objetivos da missão, Zephyr experenciou circunstâncias que encerraram seu voo corrente. Não houve feridos. Nossas equipes estão atualmente analisando mais de 1500 horas de dados de missão estratosférica. A valiosa experiência do voo de resistência ultralongo deste protótipo provou ser um passo positivo em direção aos objetivos da plataforma de alta-altitude do exército.”
O que é o Zephyr?
O Zephyr é um UAS (Unmanned Aircraft System – Sistema de Aeronave não Tripulada), um drone, movido a energia solar capaz de atingir altitudes elevadas, aeronaves como tal são tendência da indústria aeroespacial, sugeridas como “satélites atmosféricos”. Sendo o primeiro UAS estratosférico do seu tipo, proporciona uma solução persistente e adaptável, permitindo voar de uma só vez por meses a cerca de 70.000 pés (21.300 metros), acima das variações do tempo e do tráfego aéreo convencional. Possui uma envergadura de 25 metros com apenas 75kg. Durante o dia os motores funcionam pela energia solar e pela noite é movido por baterias reabastecidas durante o dia, descendo para cerca para cerca de 50.000 pés (15.240 metros) até a manhã, ainda estando acima de qualquer nuvem, tempo ruim ou tráfego aéreo regular, com exceção de alguns aviões de uso militar.
Utilidades e vantagens
Assim como um satélite a aeronave pode fornecer imagens, mas sem precisar ser lançada para orbitar a Terra, o que permite voltar ao solo para receber reparos, troca de cargas, atualizações; ao contrário de um satélite comum, ainda com a vantagem de reduzir o lixo espacial. Segundo a NASA, desde 1957 cerca de 4.000 satélites já foram lançados na órbita do planeta, muitos deles desativados atualmente. Todo esse lixo espacial representa um perigo para satélites que estão ativos e naves espaciais tripuladas, incluso expedições espaciais futuras. Um típico lançamento de foguete para colocar um satélite em órbita pode custar dezenas ou centenas de milhões de dólares, já pelos drones como Zephyr, o mesmo trabalho pode ser feito com melhor excelência em muitas tarefas do que os satélites e com custos significantemente mais baixos.
Em termos de telecomunicação, uma rede de drones como esses cobrindo uma região pode ter a capacidade de retransmissão de sinal com muita eficiência, seja em terra, no ar ao em alto-mar. A conectividade estratosférica oferece uma baixa latência capaz de complementar, melhorar ou habilitar a conexão em áreas onde se é mais vantajoso. Um só UAS como o Zephyr dá a cobertura de uma área equivalente a 250 torres de comunicação.

Apenas um Zephyr dá cobertura a uma área equivalente a de 250 torres de comunicação
Também pode proporcionar grande contribuição ao combate ao desmatamento, sendo usado para o monitoramento de áreas que requerem a atenção. Como trabalha em torno de 21km acima da Terra, diferentemente dos satélites que operam por volta de 36.000 km de distância do solo, podem ser capturadas imagens com alta-resolução muito maior. Ainda falando na preservação do meio ambiente, um ponto muito claro para os drones dessa natureza é o fato de não emitirem gases poluentes na atmosfera, ao contrário da queima de combustíveis propelentes em foguetes usados nos lançamentos de satélites.
Serão os drones estratosféricos o fim dos satélites como conhecemos há décadas? Ocuparão grande espaço na vida cotidiana de muitos com dificuldade ao acesso à uma boa conexão? Uma grande ferramenta nas mãos de governos ao redor do mundo? De qualquer forma são uma tecnologia muito interessante e promissora, já com drones por energia solar recordistas. Curtiu a ideia de pequenas aeronaves espalhadas pelos céus nos ajudando em diversas situações, num futuro não muito distante?
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